Discursos proferidos pela Oradora da Turma de Agosto de 1995, Secretária Andréa Watson por ocasião da cerimônia de formatura das turmas "Florestan Fernandes" do Instituto Rio Branco
30 de abril de 1996
Gostaria de expressar o orgulho e a satisfação de todos os formandos por podermos estar reunidos nesta cerimômia que simboliza o início de nossa atividade profissional no serviço exterior brasileiro. Termos chegado até aqui significou dose considerável de esforço e sacrifício.
Agradecemos às nossas famílias o apoio e a generosidade que nos permitiram cumprir o percurso. Ao Embaixador Sérgio Bath e ao Ministro André Amado, nosso reconhecimento por persistirem na convicção de que a atividade diplomática exige, por sua natureza própria, uma formação ampla, atualizada e reflexiva.
Por fim, cumpre lembrar o grande estímulo que representou a convivência com nosso paraninfo, Conselheiro Gerson Pires, e com nossos professores homenageados, Ministro Guido Soares e Doutora Mariza Peirano, cuja seriedade e brilho intelectual contribuem para a manutenção do padrão de excelência do Instituto Rio Branco.
A escolha do Professor Florestan Fernandes para patrono de turma não é fortuita. Precursor da sociologia no Brasil, Florestan Fernandes levou a cabo a tarefa, à qual tão notavelmente se dedicou Vossa Excelência, de consolidação de um pensamento social brasileiro. O legado de sua obra alimenta em nós, iniciantes no ofício diplomático, a certeza de que a formulação de uma política externa lúcida e consequente não pode dispensar a profunda e permanente reflexão sobre o País.
Os valores que nortearam a vida de Florestan Fernandes devem representar para nós referencial constante; devem recordar-nos da importância dos ideais de transformação social e da frequente inevitabilidade de sua realização.
Senhor Presidente,
São precisamente as transformações, de alcance e profundidade sem precedentes, o traço dominante de nossa época. A adaptação a uma realidade cambiante, é forçoso admitir, constitui um imperativo para todos, indíviduos e grupos sociais.
Neste contexto, a busca de nova matriz para o desenvolvimento, o aperfeiçoamento do sistema democrático e a reestruturação do Estado representam o necessário esforço de adequação aos novos tempos. A instituição a que pertencemos não poderia ficar à margem deste processo.
Sob a condução decidida de Vossa Excelência, o dinamismo da política externa brasileira tem levado os diplomatas iniciantes a assumirem responsabilidades crescentes e a se defrontarem com novos desafios. Por outro lado, notam-se mudanças significativas com relação ao perfil destes funcionários, em particular o aumento de sua idade média ao ingressarem na carreira. Diante desta nova realidade, torna-se essencial assegurar aos jovens diplomatas perspectivas profissionais tangíveis, à altura de suas potencialidades.
Neste sentido, a iniciativa de reforma da carreira diplomática, lançada pelo Senhor Ministro de Estado das Relações Exteriores, em um quadro de abertura e diálogo, significa uma oportunidade única de atualização de regras; de modernização de práticas e mentalidades. Para o jovem diplomata, não há estímulo maior a sua dedicação e empenho que a certeza de atuar em um marco de transparência e previsibilidade.
Senhor Presidente,
São recorrentes em nosso meio referências às peculiaridades da profissão que escolhemos. Esta carreira possui, inequivocamente, características que lhe são próprias. Contudo, a constatação de sua singularidade, como também do prestígio que a envolve, não deve prestar-se a diminuir o que há para nós de mais valioso: o fato de sermos, simplesmente, servidores públicos. Profissionais que se definem pelo dever de servir ao Estado; pelo dever de servir ao país. Esta condição singela é nosso maior orgulho.
Fonte:http://www2.mre.gov.br/irbr/IRBR/EC/discorad.htm
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