Discursos de Formatura

 

 

 

Estes são discursos de formatura proferidos por diversas pessoas em diversas ocasiões.
Aproveite as idéias e crie um discurso que se encaixe no contexto de sua formatura!

Discurso Paraninfas Professoras Mariza Veloso e Maria Angélica Madeira



 

 

Discursos proferidos pelas Professoras Mariza Veloso e Maria Angélica Madeira, Paraninfas da Turma de Dezembro de 1995 por ocasião da cerimônia de formatura das turmas "Florestan Fernandes" do Instituto Rio Branco
30 de abril de 1996


Excelentíssimo Senhor Presidente da República
Excelentíssimo Senhor Vice-Presidente da República
Excelentíssimos Senhores Embaixadores estrangeiros
Excelentíssimo Senhor Ministro de Estado das Relaçoes Exteriores
Excelentíssimo Senhor Secretário-Geral das Relações Exteriores
e seus antecessores aqui presentes
Excelentíssimo Senhor Diretor do Instituto Rio Branco e seus antecessores aqui presentes
Senhores Formandos
Senhoras e Senhores,

Este ano, duas professoras da disciplina "Leituras Brasileiras" tiveram a alegria e a honra de terem sido escolhidas as paraninfas desta turma de formandos do Instituto Rio Branco. Tornamo-nos assim partícipes deste solene rito de passagem que marca a entrada de jovens diplomatas na vida pública. A celebração suscita a memória de seu significado primordial: neste momento se confirma a nova dimensão da identidade social de cada um, que, ao ser iniciado na carreira, incorpora em si mesmo os atributos éticos necessários à tarefa de servir à naçao brasileira .

Sentimo-nos emocionadas. Acreditamos, porém, que a justeza e o merecimento desta distinção devem ser atribuídos à cultura brasileira, com seu repertório simbólico rico e variado, de grande poder transformador, que aprendemos juntos a descobrir . Congratulamo-nos com o Instituto Rio Branco que, ao introduzir aquela disciplina no seu curriculum, abriu possibilidades para a reflexão e discussão de idéias que certamente possibilitarão aos futuros diplomatas conhecer de modo mais profundo o país que terão de representar.

A introduçao de "Leituras Brasileiras" possibilitou também a soma de experiências entre duas instituiçoes públicas de ensino superior - o Instituto Rio Branco e a Universidade de Brasília - o que só reforça e consolida o papel da academia universitária e da academia diplomática na formação de profissionais especializados e qualificados para o exercício das funções públicas. Oxalá essa excelência fosse ampliada a todo o sistema de ensino superior do país.

A relevância desta solenidade é reforçada pela rara conjunçao que neste momento se formou em torno das ciências sociais. Aqui hoje, religam-se, em uma mesma correia de transmissão, o saber e a prática advindos dessa tradição científica. Nós, as paraninfas, professoras da disciplina "Leituras Brasileiras", que enfatizamos, ao longo de nossos cursos, a importância do pensamento brasileiro e exercitamos interpretações sobre a complexidade de nossos processos sócio-históricos. As duas professoras, com formações e experiências intelectuais distintas, uma, provinda da área de estudos literários e outra, das ciências sociais, buscaram somar esforços para analisar o Brasil como uma totalidade articulada.

Florestan Fernandes, escolhido o patrono desta turma, foi um construtor incansável do campo científico e convicto defensor das práticas democráticas. Eminente sociólogo e político, Florestan Fernandes é modelo de intelectual a quem todos nós devemos, pela coerência de suas idéias, consistência analítica e, sobretudo, pela irretocável postura ética na vida pública.

Tal conjunção se enobrece por ser oficiante supremo desta solenidade, o Excelentíssimo Senhor Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, também sociólogo e político, consciente da necessidade de reconstrução da nação brasileira.

Por tudo isto, sentimo-nos muito encorajadas na tarefa de ensinar a pensar como se conformaram as idéias sobre o que é o Brasil e o que é ser brasileiro. Questões tão contundentes quanto oportunas, pois a vivência da realidade das trocas internacionais exige princípios sólidos e uma imagem clara do que somos. Esta consciência de nossa singularidade histórica pode reforçar o sentido de pertencimento, neste momento em que a cultura encontra-se investida de nova densidade política.

Sabemos que as dificuldades e entraves ao desenvolvimento pleno da sociedade são inúmeros, mas sabemos também - e estamos felizes por sabê-lo - que vivemos um tempo desassombrado, em que é possível voltar a crer nas utopias de reconstrução da nação, confiantes nas trocas profícuas entre o campo intelectual e o campo político. Tal associação tem permitido um crescente entendimento da importância da produçao simbólica e de sua capacidade ordenadora e transformadora da vida social .

Neste momento de nossa modernidade, muito valor e significado têm sido atribuídos a certos bens coletivos que foram pouco a pouco se tornando escassos nos mercados mundiais: a variedade da natureza e a diversidade da cultura - matérias abundantes no Brasil. Esperamos que nossas reservas ecológicas e nossos acervos culturais, múltiplos e mestiços, possam servir para reforçar a auto-imagem dos brasileiros, solidificar o sentido de adesão à nossa sociedade. Que possam ainda servir como valiosos parâmetros de troca, visando o fortalecimento de nossa posição internacional.

É por isso, Senhor Presidente, que a atuação de Vossa Excelência no sentido da renovação dos procedimentos para a organização da vida pública brasileira nos estimula a compartilhar a homenagem ao patrono desta cerimônia, mestre de todos nós , Professor Florestan Fernandes.

Intelectual responsável por uma das interpretações mais rigorosas dos processos de constituição da sociedade brasileira, Florestan Fernandes nos legou ensinamentos definitivos ao desvendar questões sobre a realidade nacional. Dedicou suas melhores energias para compreender a modernização dependente e periférica, o modo de constituição das classes, a formação da burguesia e a inserção diferenciada de grupos étnicos, como o negro e o índio, na estrutura de classes da sociedade brasileira.

Como homem público, distinguiu-se ainda por sua ação política comprometida com a superação dos entraves ao desenvolvimento pleno da nação brasileira. Sobretudo, acreditou no papel transformador da educação, importante alicerce na construção do espaço público enquanto espaço dialógico feito de interações e debates, capazes de viabilizar o exercício efetivo da cidadania.

O patrono escolhido pelos formandos de 1996 deixa-nos o exemplo de uma trajetória intelectual construída a partir do ideal de servir e lutar pela transformação da sociedade brasileira, como prática incorporada à vida cotidiana . Consciente do valor e do poder das idéias na configuração da vida social e política, como professor e homem público, buscou soluções que pudessem corrigir injustiças e reparar distorções. Defendeu medidas que promovessem as mudanças necessárias à construção de uma sociedade justa, plural e democrática.

Por tudo isso, com a escolha do patrono que fizeram, os senhores formandos selaram um compromisso importante, aproximando -se espontaneamente de uma personalidade pública emblemática. Florestan Fernandes, o cientista e o político, por suas reflexões e ações, aglutina em si um conjunto de valores, tornando-se um marco significativo para a orientação de todos aqueles que, no exercício de sua prática profissional, se propõem a servir e representar o Brasil.

Caros formandos,

Emocionadas, mais do que ousaríamos manifestar, alegramo-nos por termos compartilhado o prazer do convívio e da troca intelectual. O conhecimento do que somos e a consciencia crítica de nossos processos sócio- históricos devem servir como aliados inequívocos na defesa dos interesses do Brasil nos foros internacionais. Vivemos um tempo rico de possibilidades, onde se ampliam e pluralizam as experiências individuais e coletivas. A velocidade de circulação das informações e os desafios resultantes dos paradoxos do mundo contemporâneo só reforçam a necessidade de se recriar padrões de identidade capazes de expressar a especificidade de cada nação.

A sociedade brasileira, multi-étnica e multicultural desde sua formação, possibilitou trocas entre diferentes tradições, que, por sua vez, delinearam uma fisionomia cultural singular para o Brasil, um todo compósito, uma entidade arlequinal, como dizia nosso poeta Mário de Andrade. Esperamos que a estrela-guia de Macunaíma nos oriente neste momento de fragmentação e de reajustes dos mecanismos econômicos e das novas definições culturais.

Alegramo-nos por participar deste ritual iniciático , onde se efetua um reconhecimento público da nova condição de servidores exclusivos da nação. Esperamos que o conhecimento mais profundo e sistemático do Brasil possa sugerir argumentos para valorizar nosso patrimônio cultural e ambiental. Que a riqueza de nossa cultura, o talento e a ludicidade de nosso povo, a variedade de tendências em todos os campos das manifestações estéticas, assim como o potencial de nossas reservas ecológicas nos permitam ultrapassar as contradições e enfrentar os novos desafios, nesta transição de milênio.

Desejamos, caros formandos, que encontrem imenso prazer ao servir o país. No Brasil ou no estrangeiro, servir à nação deve tornar-se um estímulo à elaboração de novos nexos entre os processos autônomos de subjetivação e a defesa da causa pública. Que a solidariedade e a paz mundial - importantes valores inscritos no ethos diplomático - possam manter viva a chama dos ideais profissionais.

Que princípios sólidos e firmes - o senso de justiça e de equidade - os guiem no seu exercício, valores capazes de renovar a certeza de que as diferenças culturais podem e devem ser vividas no âmbito do respeito e da tolerância.

Esperamos que mantenham a utopia da permanente transformação da sociedade brasileira, da universalização dos mecanismos de cooperação entre os distintos grupos e as diferentes nações.

Permitam-nos ainda desejar ,com sinceridade, que possam preservar a espontaneidade e a alegria, expandindo ao seu redor a cintilação daqueles que têm prazer de viver. Que as experiências que os esperam reforcem o espírito, tornando-os mais firmes, justos e sensíveis - pessoas elaboradas e decantadas que, como os bons vinhos, espalham, pela vida a fora, beleza e sabor.

Que, ao longo da vida profissional, nos momentos de turbulência ou naqueles de serenidade e calma, saibam expressar com palavras e gestos, a ética da responsabilidade de servir uma nação soberana.

Sejam felizes!

Fonte: http://www2.mre.gov.br/irbr/IRBR/EC/DiscPar2.htm


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