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1,4 milhão de jovens largam o ensino médio

24/03/2006 

LUCIANA CONSTANTINO
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Quinze em cada cem jovens matriculados no ensino médio abandonaram os estudos no Brasil em 2004. Isso significa que 1,402 milhão de alunos deixaram a escola num universo de 9,169 milhões de matrículas. É o maior índice de abandono desde 1996.

Também é praticamente o dobro do registrado no ensino fundamental, etapa em que oito a cada cem estudantes matriculados abandonaram a sala de aula.

É o que mostra o último Censo Escolar, divulgado neste mês pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), ligado ao Ministério da Educação.

Além dos casos de abandono, o Censo aponta que dez em cada cem estudantes do ensino médio foram reprovados em 2004. São pouco mais de 965 mil jovens. Esse também é o maior índice registrado desde 1996.

Os dados incluem as redes pública e particular, porém essa última detém só 12% das matrículas e os menores índices de reprovação (5,48%) e abandono (1,53%).

Atenção

Especialistas ouvidos pela Folha alertam que o abandono e a reprovação, aliados ao fato de o número de matrículas no ensino médio ter caído 1,5% entre 2004 e 2005, devem despertar a atenção das autoridades para detectar os motivos da falta de interesse dos adolescentes pelas salas de aula.

Para o diretor da Faculdade de Educação da UnB (Universidade de Brasília), Erasto Fortes, o ensino médio é a etapa com uma "identidade difícil de ser caracterizada". "Alguns dizem que é a etapa preparatória para o vestibular. Outros falam em ajudar para o mercado do trabalho. Mas o ensino médio faz parte da formação integral do jovem dentro da educação básica. E para isso o currículo ainda não está adaptado", afirma Fortes.

Ele cita ainda outros três fatores que devem ser analisados --a tendência de migração dos alunos do ensino médio regular para a Educação de Jovens e Adultos (antigo supletivo, que é concluído em prazo menor), a necessidade de políticas de apoio ao estudante, como merenda e transporte, e a falta de professores de algumas disciplinas, principalmente nas áreas de ciências.

"A falta de condições do ensino médio causa um desestímulo aos alunos", concorda a coordenadora de programas da ONG Ação Educativa, Vera Masagão. "Na primeira oportunidade, eles vão para o mercado de trabalho. O ensino médio cresceu muito rápido, sem um aumento significativo de recursos", diz.

A presidente da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), Juçara Dutra Vieira, também cita a "falta de perspectiva" oferecida pelo ensino médio aos jovens. "Em termos de inclusão e de mercado de trabalho, o ensino médio não tem dado muitas respostas", afirma.

Dados do IBGE

Essa percepção pode ser traduzida em números. O Brasil tinha em 2004, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 34,8 milhões de jovens entre 15 e 24 anos. Representavam 19,1% da população total.

Por outro lado, a PME (Pesquisa Mensal de Emprego), realizada em seis regiões metropolitanas em dezembro do ano passado, indicava que 23% dos brasileiros entre 16 e 24 anos não estudavam nem trabalhavam.

O presidente da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), Thiago Franco, dá pistas do que o jovem busca: "A escola não é um ambiente agradável. É preciso trazer para o currículo coisas ligadas ao cotidiano, discutir como a sociedade está. E o ambiente também deve ser mais democrático dentro da escola, com grêmio estudantil, clima de participação".

Colaborou FÁBIO TAKAHASHI, da Folha de S.Paulo

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