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Só 6,9% têm compreensão adequada da matemática

24/10/2006 

SIMONE HARNIK
da Folha de S.Paulo

O processo de tratar os números como inimigos vai tomando forma já nos primeiros anos de escola e assume um estado agudo no terceiro ano do ensino médio: de acordo com o Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), apenas 6,9% dos estudantes do terceiro ano alcançaram um estágio adequado na aprendizagem relacionada a competências matemáticas.

Daí uma explicação para o medo das exatas na hora dos vestibulares. A maior parte dos formandos --62,3%-- ficou na faixa descrita como "crítica" pelo Saeb, ou seja, está aquém do que é exigido para a série.

Nesse estágio, o estudante sabe lidar com gráficos e entende propriedades de figuras geométricas planas, mas não consegue lidar bem com probabilidade ou números complexos, por exemplo. Ainda 6,5% ficaram na faixa "muito crítica", sem conseguir ler gráficos; e 24,3%, no estágio intermediário, quando reconhecem parte das operações indicadas para a o terceiro ano.

Os dados são de 2003, quando a pesquisa foi aplicada pelo Ministério da Educação. Para se enquadrar no nível considerado adequado, os estudantes precisam resolver desde questões simples até problemas de geometria analítica, equações polinomiais e operações com números complexos. Tudo o que é cobrado pelos principais processos seletivos.

O professor do departamento de matemática aplicada da Unicamp José Plínio de Oliveira Santos afirma que até mesmo na faculdade os estudantes chegam com mais dificuldades do que em outras épocas.

"A sociedade tem preferido as facilidades, quer produtos que façam com que se aprenda em dez horas ou um livro que ensina física brincando. Os jogos da infância são ferramentas importantes, mas não adianta passar a imagem de que tudo pode ser aprendido sem esforço. É preciso sentar por horas, se dedicar", afirma.

O problema, segundo o professor Pierluigi Piazzi, do Anglo, está na construção do conhecimento da disciplina. Ele compara o estudo da matemática a um condomínio vertical e o de humanas, a um horizontal. "Se o estudante perde um conteúdo de história, consegue entender os outros. Mas, se perde um de matemática, vai tendo toda a compreensão prejudicada", argumenta.

Para ele, as crises com a matéria começam quando um assunto é deixado de lado e não se consolida. É mais ou menos isso o que relata Lívia Galli Caneiro, 18. Até a sétima série, tudo ia bem. Então teve uma professora que considerou ruim e os estudos da disciplina desandaram. "Depois daquela professora, não fiz mais nada", diz. "Sinto que, se eu estudasse mais, poderia recuperar."

O professor ruim, que não explica aos alunos os motivos para estudar a matemática e não consegue relacionar a disciplina com o cotidiano, é outro fator de desinteresse pelos números, segundo Edmilson Motta, coordenador do Etapa. O resultado de todos esses fatores foi o seguinte: em 2003, o Brasil conquistou a pior colocação, dentre 41 países, no Pisa, uma avaliação internacional.

Por isso, para José Luiz Pastore Mello, mestre pela USP e professor do Colégio Santa Cruz, o contexto é muito importante. "Na hora do estudo, vale a pena pedir ajuda ao professor para que ele indique problemas que possam favorecer a compreensão dos diversos conteúdos da matemática", diz.

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