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Escolas buscam métodos ousados para educação

22/10/2006 

ANTÔNIO GOIS
SIMONE HARNIK
da Folha de S.Paulo

Imagine uma escola em que alunos não recebem notas em provas e têm liberdade para decidir qual o tema a ser estudado. Seus professores, em vez de serem divididos de acordo com a disciplina em que se especializaram, dão aulas sobre todos os temas para a mesma turma.

Essas e outras práticas fogem do padrão encontrado na maioria das escolas, mas são adotadas, em maior ou menor grau, por instituições que tentam subverter a ordem. Em alguns casos, são experiências novas. Em outros, são práticas consolidadas. Para educadores ouvidos pela Folha, é possível inovar sem prejuízo da qualidade.

"As crianças mudaram, o mundo mudou, mas a escola permanece a mesma. A estrutura de trabalho da maioria das escolas é igualzinha à que eu presenciei como aluno há 50 anos. Acho que a maioria dos educadores está convencida de que é preciso mudar, mas muitos não sabem como. No entanto, é possível perceber alguns sinais de mudança", diz o vice-presidente do Conselho Municipal de Educação de São Paulo, Artur Costa Neto.

Na escola particular Oga Mitá, do Rio de Janeiro, por exemplo, um dos sinais dessa mudança foi o fim das provas. Os alunos até recebem notas, mas elas são construídas a partir de um conjunto de objetivos traçados. O professor acompanha o estudante e o avalia por trabalhos individuais ou em grupos e vê quantos objetivos foram alcançados.

A diretora Márcia Leite diz que a fórmula tem sido bem aceita pelos pais nos 29 anos de história da escola: "Não é treinando desde criança que alguém vai aprender no futuro a fazer provas ou processos seletivos. Achamos que o importante é preparar esse estudante para saber buscar sempre o conhecimento. É isso que dará confiança na hora da prova".

Para Leite, o desafio de escolas que tentam fugir ao padrão é continuar ousando a partir da quinta série. "É muito fácil encontrar escolas com projetos inovadores até a quarta série. Nosso desafio recente está sendo adaptar nosso projeto à realidade da quinta à oitava."

Esse mesmo desafio está sendo enfrentado pela Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Presidente João Pinheiro, na Vila Matilde, zona leste de São Paulo. De quinta a oitava séries nas escolas tradicionais os estudantes têm vários professores para as disciplinas. Lá, não.

Os docentes têm de ter conhecimentos para ministrar todas as disciplinas.
"Os professores ficam com um comprometimento maior, pois têm de estudar.

E isso mostra também que o conhecimento está unificado. A escola está organizada para trabalhar as habilidades e competências para que o estudante possa viver bem lá fora", afirma a diretora Aparecida Inocência dos Santos. A implantação do projeto tem história: são 22 anos desde a mudança de métodos.

Mais recentes são as mudanças feitas na Emef Amorim Lima, no Butantã, zona oeste da capital. Há três anos, a escola optou por abolir as salas de aula da segunda até a oitava série. Apenas na primeira série as classes foram mantidas, porque as crianças estão em fase de alfabetização.

O conteúdo é desenvolvido por meio de grandes temas e em grupos de estudantes. As dúvidas são tiradas pelos tutores, que também avaliam os alunos.

Costa Neto, do Conselho Municipal de Educação, diz que é possível manter uma linha pedagógica inovadora mesmo no ensino médio, quando muitas escolas passam a se preocupar mais com a preparação para o vestibular.

"Acho preferível ter tido uma experiência de 12 anos em que te ensinaram a pensar de forma criativa mesmo que, por seis meses, você tenha que se bitolar para passar no exame. A experiência desses anos será muito mais importante para a vida do que o vestibular", diz.

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