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Cotas e bônus dividem especialistas

27/02/2007 

MÁRCIO PINHO
da Folha de S.Paulo

Ações afirmativas para ampliar a participação de alunos da escola pública e afrodescendentes nas universidades são apoiadas por especialistas ouvidos pela Folha. Eles discordam, porém, sobre a eficiência dos sistemas aplicados.

Para o educador Creso Franco, as cotas tiveram o mérito de levantar a questão da diversidade. "Precisamos agora diversificar as ações afirmativas", afirma o professor da PUC-RJ.

Os sistemas de bônus na nota do vestibular, adotados por universidades paulistas como USP e Unicamp, é apontado por Franco como uma boa ação alternativa. "Esse sistema tem a vantagem de focalizar o mérito, tentando separar o que é mérito individual e o que são melhores oportunidades."

Ele diz que a pontuação extra leva em conta a diversidade étnica, um dos principais aspectos defendidos pelos sistemas de cotas. "A cota focaliza a diversidade, às vezes ajuda o mérito, às vezes atrapalha."

Já o diretor-executivo da Educafro, frei David Santos, afirma que alguns sistemas de pontuação, como o Inclusp --aplicado na Universidade de São Paulo-- deveriam ser reformulados. Sua crítica ao Inclusp é que alunos de classe média de escolas públicas de melhor nível estariam aproveitando a ação afirmativa para ocupar vagas que poderiam ser de alunos de famílias de baixa renda.

"Há cidades pequenas sem demanda para uma escola particular. Lá, há escolas públicas boas, onde estuda a classe média, o filho do prefeito. Já na periferia de São Paulo, onde 80% são negros, a rede pública é abandonada."

Para pleitear uma vaga pelo Inclusp, o aluno deve ter estudado os três últimos anos em escola pública. Segundo a assessoria de imprensa da USP, o sistema leva em conta que na rede pública está boa parte dos estudantes de baixa renda e afrodescendentes.

Ideal

Entre os modelos adotados atualmente, frei David aponta o da Universidade Federal do ABC como o mais próximo do ideal. A entidade destina 50% das vagas a estudantes que fizeram todo o ensino médio em escolas públicas. Nesse percentual, ficam subdivididas vagas para indígenas e afrodescendentes, segundo a presença destes grupos no Estado.

O quesito raça não é considerado o melhor critério por Raphael Amaral, professor do cursinho popular da Acepusp (Associação Cultural dos Educadores e Pesquisadores da USP) que participa de pesquisas sobre ações afirmativas. "O ideal seria uma cota mais socioeconômica que racial", diz.

Para ele, é cedo para dizer se as ações desenvolvidas são eficientes. "Acho que uma série de coisas poderia melhorar."

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