Organizados, com programa próprio e espaço especial, cerca de 400 indígenas, representando 100 povos da América Latina, participarão do 5º Fórum Social Mundial (FSM) que será realizado em Porto Alegre (RS), de 26 a 31 deste mês. Entre os temas escolhidos para os debates, destacam-se as artes, saberes, luta pela terra e o direito dos indígenas da América Latina. Nos fóruns anteriores eles participaram como convidados ou palestrantes.
Reunidos num Puxirum, palavra que na língua tupi-guarani significa mutirão, os indígenas pretendem demonstrar aos outros povos do mundo os princípios que fundamentam a vida das comunidades: respeito à diversidade, ética da reciprocidade e responsabilidade compartilhada. De acordo com Rona dos Santos, da Coordenadoria das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica), entidade que organiza o Puxirum, a ética da reciprocidade é um aspecto importante na vida do índio e, segundo esse princípio, os bens ou alimentos de um membro da comunidade são de uso coletivo e são divididos solidariamente conforme as necessidades.
Para o coordenador da Educação Escolar Indígena do Ministério da Educação, Kleber Gesteira, a participação dos indígenas em fóruns e espaços políticos e culturais da sociedade brasileira “enriquece nosso cotidiano”. Num mundo cada vez mais complexo e interconectado, diz Gesteira, a participação indígena é garantia de criatividade, multiplicidade de pontos de vista, propostas e possibilidades de solução das discussões nacionais.
Artes e saberes – Durante os seis dias do fórum, os povos indígenas vão realizar debates, mostrar o artesanato cultivado nas aldeias da América Latina, as vestimentas e pinturas corporais, as danças rituais e a música.
A programação artística, informa Rona dos Santos, será combinada com a discussão de temas, como a questão da demarcação de terras, recursos naturais, sustentabilidade humana, direitos constitucionais, sistema jurídico próprio, diversidade e democracia.
A Coica reúne os habitantes indígenas da Amazônia que hoje vivem na Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. A programação pode ser vista na página do Fórum Social Mundial na internet.
Repórter: Ionice Lorenzoni
