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Música e criatividade mudam a vida de alunos de Guarulhos

24/01/2005 

De Beethoven a Luiz Gonzaga, passando por Elvis Presley, Mozart e até consagradas toadas como Tristeza do Jeca (1918), imortalizada pelo sertanejo Patrício Teixeira, os grandes nomes das músicas erudita e popular brasileira estão modificando a vida de quase 600 crianças de baixa renda das escolas municipais de Guarulhos (SP) e de suas famílias.

A mudança é visível no rendimento escolar, socialização em sala de aula, sensibilidade musical e perspectiva de um futuro melhor, longe das ruas e das drogas. Isso graças ao projeto Violino nas Escolas, implantado em 2002, pela Secretaria de Educação de Guarulhos, nas escolas de bairros periféricos. Os alunos aprendem violino, violas, violoncelos e contrabaixo acústico, instrumentos oferecidos nas aulas, que se transformam em descontração quando o maestro Márcio Demazo começa a afiná-los. “O projeto de ensinar música erudita às crianças transpõe os muros das escolas e atinge pais e irmãos. Estamos fazendo com que as famílias se interessem em participar da vida cultural da cidade”, explicou.

Dia de aula, que ocorre uma vez por semana e faz parte do currículo escolar, sempre é dia de um atrativo a mais. Empolgação para os alunos e para os pais. Alguns deles passaram a conhecer Mozart por meio dos filhos. Foram pesquisar a vida do compositor para ter assunto em casa. Outros, sensibilizados com a habilidade e o gosto musical dos filhos, fizeram “uma vaquinha” e adquiriram o instrumento. As crianças fazem concertos na cidade e fora dela.

A realidade, porém, é que poucos alunos têm o próprio instrumento. Surgiu um problema para o maestro que se sentiu incomodado pelo fato dos alunos só terem contato com os violinos, violas ou violoncelos uma vez por semana. “As crianças torciam para a próxima aula chegar. Aquilo me incomodava. Meu desejo era que cada uma tivesse seu instrumento”, disse.

O maestro passou a buscar alternativas. “Pode parecer coisa de outro mundo, mas, certa noite sonhei com o bambu e passei a estudar a planta”, lembrou. Depois de várias experiências, cortando o bambu e adaptando-o ao tamanho dos instrumentos convencionais, surgiu o “taquarino”, como Demazo chama seu invento, similar ao violino; depois veio toda uma família de instrumentos de cordas. Os tamanhos dos instrumentos de bambu variam de 15 centímetros a 2,5 metros.

Taquara – A fabricação do “taquarino” (que vem de taquara, bambu), é artesanal. As cravelhas são feitas de pedaços roliços de madeira. O arco também nasce do bambu. As cordas são originais, de aço. “Utilizamos duas cordas em cada instrumento. Na medida que as crianças amadurecem a técnica, acrescentamos outras cordas”, diz. O custo de cada instrumento “taquarino” é de R$ 3,00; o mesmo preço das cordas de aço.

Demazo deixa claro que seus instrumentos não são o produto final. A proposta é que dêem margem à criatividade dos alunos. “Algumas crianças estão personalizando o próprio instrumento de bambu, que se trata de um instrumento de apoio, que possibilita o aluno a estudar em casa”, explicou. Apesar de se obter uma diversidade de sons com o bambu, o instrumento fabricado a partir da planta tem som menos potente que o instrumento convencional. “Não devemos nos preocupar. A intenção é propiciar ao aluno que não pode comprar o instrumento uma opção para estudar em casa. O legal é que a criança vai fabricar o seu próprio violino de bambu”, declarou.

O maestro garante que a criança que tocar os “taquarinos” vai tocar fielmente os instrumentos convencionais, da família de cordas. “As dimensões e a técnica entre os dois tipos de instrumentos são a mesma. O importante é levar boa música para as crianças”, enfatizou.

Hoje, os alunos que estudam nas escolas municipais de Guarulhos estão se apaixonando pela música. O projeto contagiou os professores. A Secretaria de Educação criou uma camerata de cordas, com a participação de mais de 20 educadores. Eles serão agentes multiplicadores do projeto, que irá atender mais de duas mil crianças nos próximos meses. (Assessoria de Imprensa da Secretaria de Educação de Guarulhos)

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