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Evento gratuito conta história do uniforme

20/04/2006 

DANIELA TÓFOLI
LUCAS NEVES
da Folha de S.Paulo

A professora Margarida Elme, 68, passou quatro anos usando a mesma saia enquanto estava na escola. Chamado de "roupa de crescimento", seu uniforme de garota nos anos 50 era tão resistente que bastava sua mãe deixar uma barra bem comprida no avesso para ir soltando conforme ela crescia.

Aluna da quinta série, Letícia Fernandes, 9, nem imagina como seria sua rotina com apenas um modelo de uniforme. Vestindo calça e casaco de moletom ontem, ela dizia que sua escola, a Carlitos, na zona oeste da capital, precisa oferecer mais opções às alunas, além do moletom, dos conjuntos de tactel, do vestido jeans e dos casacos de lã. Seu objeto de desejo é uma saia.
Divulgação
Imagem da exposição
Imagem da exposição "História do Uniforme Escolar no Brasil"


Dos anos 50 para cá, mudaram a moda, os tecidos, o comportamento. Os uniformes seguiram o movimento. Da blusa de fustão (um tecido de algodão riscado) à calça de tactel, passando pelas gravatas obrigatórias até para meninas (que dona Margarida usou), o estilo das roupas vestidas por estudantes desde 1901 é a base da exposição "História do Uniforme Escolar no Brasil", aberta a visitação no próximo dia 24, no Colégio Augusto Laranja.

Com entrada franca, ela ficará na escola até o dia 28. Em maio, as 80 fotos vão para a estação Sé do metrô. Elas mostram vestidos de alças largas acompanhados por cordões com crucifixos dos anos 20 e as calças e paletós com cinturão e botas pretas dos meninos da década de 50.

"Pelos retratos, percebemos tendências como comprimento e forma das saias, uso de chapéus e aventais, estilo de camisas e casacos. Até os anos 80, o uniforme sempre acompanhou as mudanças da moda", diz Isabel Pires, coordenadora do livro que dá nome à mostra. "Depois, se tornou mero agasalho esportivo. Os alunos reclamam com razão."

A educadora Emirene Nogueira, 60, está curiosa para ver os uniformes antigos. Ex-aluna do Colégio Santa Inês, no centro, ela não gostava do seu. "Era um martírio. A gente tinha de usar blusa de manga comprida até no verão e quem fosse flagrado arregaçando-as na volta para casa levava advertência." Para ela, o uniforme é necessário por dois fatores. "Os pais não gastam dinheiro comprando muita roupa e fica mais fácil identificar quem é da escola."

Lisandre Maria Castello Branco, da Faculdade de Educação da USP, aponta outro motivo para a necessidade do uniforme. "Ele traz uma mensagem subliminar de que somos iguais, é uma referência de coletividade." Diretora da Carlitos, Manuela Anabuki concorda: "Se não adotássemos uniforme, isso aqui seria um inferno de competição de marcas".

Alguns educadores dizem que o uniforme pode causar uma perda de referência pessoal. Por isso acreditam que, na adolescência, quando grande parte dos valores coletivos já foi sedimentada, ele perde utilidade. "Os alunos desta idade já estão mais maduros", diz a diretora do colégio Augusto Laranja, Rosa de Paula. "Para os que usam uniforme, as escolas tentam seguir a evolução da moda."

O estilista Jun Nakao indica como adaptar uniformes a gostos diversos. "Basta dar opções para personalizar a roupa com pequenos detalhes. Um uniforme tem de ser simples e confortável, mas permitir uma certa individualidade", afirma. "Hoje, as roupas têm uma carência de linguagem e acabamento. As escolas ainda não perceberam como o uniforme pesa em sua imagem e na do aluno."

Se palpites estudantis influírem na modernização, o processo promete ser rápido. "Gostaria de poder usar calça jeans e short", diz a aluna do quarto ano Diana de Oliveira, 8. "Podia ter boné da escola", sugere Pedro Gualtiari, 10.

Onde: Colégio Augusto Laranja, rua dos Chanés, 205, Moema, das 9h às 19h

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