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Seminário sobre letramento termina debatendo formação de leitores

08/12/2004 

Os temas avaliação do processo de alfabetização e dos sistemas educacionais e política nacional de formação de leitores foram discutidos no último dia do Seminário Internacional de Alfabetização e Letramento na Infância, promovido pela Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC) e pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI). Além das mesas de debate, três municípios – Porto Alegre (RS), Embu das Artes (SP) e Niterói (RJ) – e o estado do Acre fizeram apresentações sobre suas experiências com alfabetização.

Participaram da mesa Formação de Professores na Perspectiva da Prática Alfabetizadora as especialistas Rosaura Soligo, da Universidade de Campinas, e Mirta Castedo, da Argentina. Soligo afirmou que “didática não é prática exclusivamente. Três dimensões estão interligadas no conhecimento didático: teórica, prática e experiencial”. Para Castedo, “a formação continuada para ensinar a ler e escrever é um direito do professor e um dever do estado”.

Avaliação de Sistemas de Ensino: Potencialidades e Limites foi o tema debatido por Ofelia Reveco, do Chile, e Vera Masagão, da organização não-governamental Ação Educativa. “Se dá mais importância à avaliação do que à qualidade da educação”, disse Reveco. Para ela, as avaliações hoje legitimadas trazem cegueiras, valorizando aquelas de enfoque quantitativo e feitas por agentes externos. Simultaneamente, estas avaliações baseadas em uma visão economicista da sociedade, dão preferências a metodologias que não requeiram participação, pois são de mais rápida aplicação, mais baratas e podem contemplar uma amostragem maior, afirmou.

Cultura – Dessa maneira, a avaliação acaba não incorporando informações sobre aspectos culturais, de fundamental importância na compreensão dos fenômenos educacionais. “A educação necessita de avaliações que incorporem a perspectiva pedagógica, que apreende o ser humano em toda a sua totalidade.” Para ela, a avaliação só como instrumento de poder faz comparações de países, escolas e crianças com paradigmas externos, esquecendo das diferenças. Essa leitura parcial das informações, segundo Ofélia Reveco, pode levar a tomadas de decisões equivocadas.

Vera Masagão alertou que todas as avaliações, nacionais e internacionais, apontam a escola como o principal agente de alfabetização e letramento: “Quanto mais tempo a pessoa fica na escola, maior o domínio da língua escrita”. As informações levantadas mostram que grandes avaliações não são úteis para mudar as práticas cotidianas nas escolas e não incorporam as avaliações individuais feitas pelos professores. “Para termos avaliação, não basta o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e as internacionais, precisamos de um sistema de avaliações em vários níveis e com enfoques diferentes.”

Leitores – Edmir Perrotti, especialista da Universidade de São Paulo, abordou o tema Política de Formação de Leitores. Para ele, a escrita e a leitura são atos quase estrangeiros no País, que fizeram parte da agenda do Estado somente a partir do final do século XIX: “Ensinar a ler e a escrever foi o modo de preparar força de trabalho republicana”. A leitura sempre esteve, portanto, isolada da escrita, reduzida a instrumento social e político. “Embora nossa indústria editorial produza 3,5 mil títulos infanto-juvenis por ano, pouquíssimos títulos circulam e são distribuídos por programas governamentais.”

A inclusão na cultura da escrita, neste sentido, se transformou em ato didático-pedagógico fechado em si mesmo, confinando a leitura aos bancos escolares, afirma Perrotti. A linguagem escrita acaba não fazendo sentido para as crianças, pois não elabora assuntos de seu interesse, nem lhes dá a oportunidade de criar ao ler ou escrever. Para Perrotti, formar leitores significa necessariamente inserir alunos e professores não só nos códigos lingüísticos, mas também na criação e inserção de circuitos de leitura amplos – centros, redes de leitura, bibliotecas interligadas, com dinâmicas de funcionamento renovadas.

Mais de 300 pessoas, entre professores, pesquisadores, estudantes e representantes de secretarias de educação participaram do evento. Segundo a diretora de Políticas de Educação Infantil e Ensino Fundamental da SEB, Jeanete Beauchamp, houve “contribuições importantes sobre cultura na infância, avaliação do processo de alfabetização, políticas públicas para alfabetização e letramento, formação de professores, políticas para formação de leitores e avaliação dos sistemas educacionais”. O conteúdo do seminário será publicado pelo MEC e distribuído para as secretarias de educação em 2005.

Repórter: Adriana Maricato

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